POR JAMIR CALILI RIBEIRO
Antes de prosseguir nos meus
comentários peço desculpas a muitos amigos meus que honradamente fazem parte
das diretorias da OAB no Brasil. As críticas que farei não tiram o nobre papel
que a OAB e seu Exame representam por todo o Brasil. Não sou contra as
prerrogativas da Ordem e muito menos da rigidez do Exame, que sinceramente me
parece mais um forte sintoma da falência do ensino jurídico pelo país, do que o
corporativismo da advocacia. Fosse essa segunda hipótese verdadeira, o lobby estaria mais em não abrir cursos
de direito do que na prova em si.
A OAB há algum tempo sucumbiu ao
poder político. Em Minas Gerais o Presidente da OAB teve a coragem de firmar
com o Estado um acordo para vilipendiar a atuação dos advogados dativos, com a
fixação de valores inferiores à própria tabela que elabora; não se manifesta
sobre as reinteráveis negativas de pagamentos das certidões preenchidas pelos
órgãos públicos conforme modelo elaborado pela própria procuradoria, ou seja,
não pagam alegando o próprio erro; e nada fez para estancar as contestações ridículas
elaboradas pelas procuradorias com propostas de acordos cretinos, e com
protelações de feitos intermináveis.
O auge da prepotência da OAB e da
crise que vive o seu exame, necessário, mas modificável, veio com a última
edição.
Duas
questões abertas de Direito Civil foram anuladas, beneficiando milhares de
alunos que obtiveram justamente os pontos integrais da prova. Incompetência: A FGV, organizadora do
evento deveria indenizar a sociedade brasileira e a OAB por permitir que a
prova para testar conhecimento tenha servidoapenas para demonstrar a sua
incapacidade de realizar uma questão aberta.
Para
organizar o certame, a FGV recebe bem, muito bem para isso, e cobra caro, muito
caro de quem vai realizar a prova. A taxa de inscrição não é uma taxa, pois não
só paga os custos operacionais, como gera lucro para OAB. Um absurdo! E isso
vale, também, para outros concursos, como do MP e TJs pelo Brasil afora. Sem
contar o absurdo do Cadastro de Reserva, cretinice só possível de ser inventada
pelo administrador público nacional.
Mas isso seria ainda uma pequena
demonstração da incompetência da OAB, pois a Prova de Prática Penal colocou os
maiores doutrinadores do país em pé de guerra, um contra o outro, e a maioria
contra a OAB.
O blog Portal Exame de Ordem (clique
aqui para ler) faz um resumo muito bem organizado do debate que se
instaurou na academia.
Em
resumo: o Professor Cezar Roberto Bittencourt apontou vícios insanáveis na questão
de prática. Conclamou os digníssimos colegas a se manifestarem. Como só se
ouviu o silêncio (ou não se ouviu), deu uma dura, respeitosa, em seus colegas.
Nada ofensivo, mas bem incisivo. Nada exagerado, a meu ver!
O
Professor Guilherme Nucci, após dias para se pronunciar, fazendo de conta que o
debate não era com ele, saiu em defesa da OAB e apontou o gabarito da resposta
aberta como uma resposta correta. Mas antes justificou sua ausência no debate,
como se um professor do quilate dele pudesse se ausentar.
Embates
realizados, outros doutrinadores, em sua maioria, seguiram o defendido por
Bittencourt, colocaram o dedo na ferida.
Não,
não estou defendendo que Bittencourt e sua trupe tenham razão, tão pouco que
não tenham. O embate só demonstra uma coisa: diversas respostas e soluções
seriam possíveis para o caso proposto pela OAB. Se não há uma resposta unânime
na Doutrina, deve a OAB fazer a escolha de uma que ela acredita a única
correta?
Ora,
a OAB não só endossa paradigmas já superados, como consegue por sua ação sustentar
que advogados devam seguir respostas padrão. Em uma peça processual, a
argumentação, o trabalho na construção de uma razão possível, é mais importante
do que fazer a escolha correta do dispositivo legal.
O
que mais incomoda não é a decisão que a OAB/FGV tomou no caso, mas é a completa
falta de transparência e clareza no debate público. A decisão de ficar calada,
a decisão de não dar respostas às críticas é a pior decisão. Omitir-se não pode
ser uma opção para a OAB.
Estamos
em crise, pelo menos de legitimidade. Se a maior parte da doutrina penalista
desqualifica a resposta dada pelo OAB, de duas uma: (a) ou seus manuais não
valem mais nada, e a FGV deve nos ensinar o direito; ou (b) a OAB enlouqueceu,
perdeu-se como narciso, que se apaixonou pela própria imagem no espelho d’água e
se afogou.
É
preciso abrir a caixa preta do Exame da Ordem, e mais do que isso, colocar o
exame da Ordem sob forte controle social, com conselhos revisores, consultivos
e deliberativos, contando com participações de universidades e outras
instituições necessárias ao ensino jurídico. A FGV não pode definir os rumos da
advocacia brasileira sozinha.
As
crises são necessárias para se deslocar, sair do conforto. Espero que essa
crise repercuta em uma mudança positiva pela OAB de seus métodos.
Para
continuar o debate, sugiro a leitura dos seguintes blogs com as manifestações
sobre o caso, muito mais legítimas do que a minha:
Eu fiz parte desses abusos, erros e absurdos trazidos, especialmente, pelo X Exame. Vale lembrar que se os maiores doutrinadores do Brasil estão debatendo a questão, como é que nós - examinandos- podemos resolver uma questão descabida e ainda mais 4 questões em apenas 5 horas? Não sou contra um exame bem elaborado. Sou a favor de um exame bem elaborado e temos o dever de saber quem faz as provas, quem as corrigem. Gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer que mesmo após todos esses absurdos ainda tivemos os nossos recursos iguais como uma cópia (CTRL C + CTRL V) o que demonstra o descaso da banca. Tenho 2 graduações e ainda curso de direitos humanos e ciencias criminais fora do país e a única coisa que não consigo é essa carteirinha. Não sou alfabética jurídica, possuo anos de estágio na área criminal e NUNCA fiz ctrl C + ctrl V nas minhas peças..... mas a pergunta que não quer calar do momento.... Por que não passamos no Exame??? Mas se não temos a justiça aqui, temos a JUSTIÇA Divina e essa não falha!
ResponderExcluirNão somos caso isolado, os examinandos de Direito Penal e Administrativo, estão se manifestando contra o exame e possuem diversos doutrinadores, juristas, advogados apoiando a causa, inclusive com algumas matérias na mídia, estando portanto com muita força, inclusive houve um comunicado da OAB/FGV se manifestando sobre estas duas matérias, já se fala que a prova poderá ser anulada.
ResponderExcluirEm Direito do Trabalho houveram diversos erros, falhas, porém o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil não se manifestou em nenhum momento sobre esta matéria, sendo omissa, desrespeitando não só o Professor José Augusto Lyra, que protocolou pedido de reconsideração relacionado a questões da prova e não foi respondido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, como todos os examinandos na Área de Direito do Trabalho. Esgotaram-se os meios administrativos de recorrer, porém as manifestações continuam, os examinandos pretendem ingressar pela via judicial com Mandado de Segurança para lograr êxito no pleito, caso não haja solução na reunião marcada para o dia 5 e 6 de agosto em Brasília.
O Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se reunirá no dia 5 de agosto, em Brasília, para decidir pela anulação ou não da segunda fase do 10º Exame Unificado da Ordem, realizado no dia 16 de julho de 2013.
Só estou antecipando alguns acontecimentos que infelizmente não estão sendo cobertos pela imprensa.
Grato pela Atenção!
Maiores informações entre em contato diretamente com:
Professor JOSÉ AUGUSTO PINTO DA CUNHA LYRA
Advogado, OAB-DF sob o n.º 13.722,
SGAS 902, Bloco B, Sala 121, Edifício Athenas,
CEP: 70.390-020, Brasília – DF.
e.mail:advocacialyra@gmail.com